A virtualidade das pessoas anda
me impressionando, e não me refiro à tecnológica.
A capacidade de projeção, da potencialidade
do que poderia ser.
A crença neste reflexo perfeito
imaginário, pode até criar pontes igualmente virtuais, contudo, abre abismos entre
as pessoas reais e cria fendas interiores que podem, muito provavelmente, desencadear
confusões, tornando-as escravas de personagens e personalidades imaginários.
Incomoda ver as pessoas entregues a essa moda
abstrata, esvaída da vida real. Acredito fielmente que a abstração é um
benefício e uma ferramenta cerebral valiosa e poderosa desde que, não entre
numa rota de fuga e de sobreposição ao direto e obrigação de fazer escolhas e
arcar com os benefícios e as consequências das mesmas.
Tentar enquadrar-se ou moldar-se
conforme o desejo dos outros sempre foi uma questão incógnita para mim, apesar
da plena consciência que somos seres sociais e que há um limiar de conduta para
a boa convivência, nunca entendi essa necessidade de aprovação alheia. Ao
contrário, acho um desperdício de tempo e energia que seria mais inteligente, e
coerente, se aplicados para aceitação e aprovação de si mesmos, em si mesmos e
por si mesmos.
Tem gente que passa pela vida e
simplesmente não sabe definir-se, descrever-se, reconhecer-se. Como poderá
saber seu valor e seu papel na vida dos que rodeia?
Quando descobrimos a força e
rigidez do nosso cerne ao saber quem somos exatamente, fica difícil alguém nos
tirar do eixo. É isso, complexo e maravilhoso assim.